
As(os) alunas(os), professores, coordenação do curso de Psicologia da SETREM realizaram nesta sexta-feira(04/11) uma confraternização para comemorar o reconhecimento do curso e a nota 4 do MEC.
O serviço de Psicologia do HSVP- Hospital São Vicente de Paulo coordenado pela Psicóloga Evandir Bueno Barasuol em parceria com a estagiária de psicologia Cleusa Arnemann, do Curso de Psicologia da SETREM, tem desenvolvido encontros temáticos mensais com os colaboradores dos setores de Emergência, Internação, Recepção, Oftalmologia e Farmácia.
O último encontro aconteceu com dois grupos dos referidos setores no dia 17.05.2011no auditório do HSVP, sob a temática “Sentimentos e Emoções permeando o ambiente de trabalho”, com abordagem do Sociopsicodrama.
Para desenvolver a tema proposto disparou-se um aquecimento de sensibilidade olfativa através de aromas introduzidos no ambiente. Essa atividade sensibilizou e mobilizou os participantes à reflexão individual acerca dos sentimentos e emoções que o aroma remeteu e posteriormente a reflexão coletiva em que se refletiu sobre a sensopercepção e os sentimentos e emoções que fazem parte do cotidiano do trabalho.
A partir desse aquecimento, desenvolveu-se a dramatização e o compartilhamento das vivências, produzindo efeitos de mobilização e transformação nos participantes, pois foi possível falar, deixar fluir emoções, esclarecer dúvidas e partilhar idéias com os colegas.
Dessa forma, o encontro propiciou uma reflexão acerca das emoções e dos sentimentos que atravessam o sujeito no cotidiano de trabalho. Conhecer sobre a condição humana em relação a essas expressões e construir um novo olhar a partir daquilo que é expresso de forma transparente ou velada, possibilita um ressignificar as ações que permeiam o contexto laboral.
Saúde Mental em Rede - Conquistas e Desafios
O Curso de Psicologia da Faculdade Três de Maio - SETREM promove na próxima quarta-feira (18), às 19h 30min, Saúde Mental em Rede - Conquistas e Desafios. O encontro é alusivo ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial – 18 de maio – e ocorrerá no Auditório da SETREM. O objetivo é promover o debate sobre práticas de cuidado em saúde mental em rede orientadas pelos princípios da Luta Antimanicomial e em prol da Reforma Psiquiátrica.
O encontro contará com mesa de abertura Saúde Mental em Rede, que trará a discussão do panorâma da Saúde Mental no Município de Três de Maio e a na região. Participarão representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Três de Maio, da Coordenadoria Regional de Saúde – CRS, do Centro de Saúde Coletiva – CASC de Horizontina, do Serviço Clínica Escola da SETREM – SERCEPS e representante dos usuários da saúde mental.
Além desta atividade, será apresentado o painel Psicologia e Saúde Mental – Desafios na Formação. Abordará experiências de estágios realizadas junto a usuários dos serviços de Saúde Mental e às comunidades envolvidas.
Programação
Abertura: Prof. Lilian Winter- Coord. Curso Psicologia e Diana Kettner - representante DAPSI
Mesa de Abertura - Pensando em rede: Saúde Mental em foco
Representação da CRS - Dóris Buttenbender
Representação Secretaria de Saúde de Três de Maio - Secretário
Representação CASC – Maria Zoé Zimtel - Horizontina
Representação Atenção Básica - Três de Maio – Cisto
Representação do SERCEPS -Solange Shorn
Representação Usuário - Aster
Intervalo - Coquetel
Psicologia e Saúde Mental – Desafios na Formação
Atividade da Unidade Central - Psicóloga Cátia, Beatriz Cavalheiro, Aline Griebler e usuário da saúde mental - Projeção do Filme e discussão
Atividade do CASC – Rádio CASC – Programa Em sintonia com a Vida, Deiwytti Rustick, Lilian Keller e Fernanda Psicóloga
Atividade do CAPS – Três Passos – Karine Kunzler oficina de escrita
Atividade Psicologia no SUS – Luciéle Huber – Nova Candelária
Encerramento:
ESF Santa Rosa - Arteterapia - Gianni Lauz e Claudia
A atividade é gratuíta e aberta a toda comunidade.
Sob coordenação da enfermeira do ESF (Estratégia de Saúde da Família) Viva Família, do Bairro Oriental - Angelita Sabino, o grupo, que ainda não possui sede própria, se reúne no salão do campo do Oriental Futebol Clube. Esta é uma parceria com a direção do local e que vem dando certo, mas ainda o maior anseio da associação é conseguir uma sede própria para desenvolver seus trabalhos, fazer sua música e se reunir em assembleia. Além da enfermeira Angelita, o grupo conta também com o serviço de um profissional de educação física, de duas estagiárias de Psicologia da SETREM – Ana Paula Benatti do 5 semestre, que já desenvolve alguns trabalhos sob a orientação do professor Luciano Bedin; e Daniela Viera do 8 semestre – que também é assistente social do município.
Filme: Dá pra Fazer (Si Puo fare)
Direção: Giulio Manfredonia
Por Aline Griebler
Este é um filme composto por fatos reais e que retrata um pouco da história das cooperativas que surgiram na Itália, após o movimento da luta anti-manicomial iniciado por Franco Basaglia e do fechamento dos hospitais psiquiátricos. Neste filme percebe-se, claramente, a força da institucionalização e como a mesma interfere na vida dos pacientes e dos profissionais que com eles trabalham.
No início do filme verifica-se pacientes sonolentos e sem forças para realizarem as atividades devido a dosagem excessiva de medicamentos. Os trabalhos propostos eram repetitivos e realizados sem nenhum incentivo. Com a chegada de um novo diretor para a cooperativa, inicia-se o processo de mudança.
A cooperativa 180 (um, oito, zero), passa a considerar seus trabalhadores como sócios, na qual todos podem opinar e contribuir com suas idéias para a qualificação do trabalho. Sendo assim, todas as opiniões passam a ser válidas, mesmo aquelas consideradas “estranhas” e um tanto incomuns. A partir das assembléias realizadas decide-se iniciar trabalhos com parquet.
O diretor da cooperativa consegue perceber nos pacientes/trabalhadores a sua habilidade e propõe que desempenhem funções que melhor se adéquem a capacidade de cada um. Surge, nesse momento, uma equipe de trabalho que planeja, negocia, desempenha a atividade de colocação de parquet, contabiliza os gastos e lucros, que são divididos igualmente entre os membros.
A partir desse momento, o paciente de saúde mental deixa de ser um doente/paciente para ser um sujeito com potencialidades, direitos e deveres, passa a controlar sua vida e aprende a manipular e utilizar o seu dinheiro. Reduzem-se as dosagens da medicação, consequentemente os seus efeitos. Instaura-se a vida: começam a namorar, a sair em festas e a se relacionar com o sexo oposto.
Em um dos trabalhos realizados, Sérgio, um dos pacientes se apaixona pela moça que contrata seus serviços e se declara a ela. Os dois saem juntos ao cinema, após a sessão, se beijam. Quando se encerra a colocação do parquet, a moça dá uma festa em sua casa e o convida, juntamente com o seu colega de trabalho. Contudo, durante a festa os amigos da moça caçoam de Sérgio, do seu jeito de ser e quando um dos convidados pergunta quem fez a torta e a moça responde que foi feita em casa, Sérgio a cospe fora a torta e diz que comida feita em casa é envenenada (crença que carrega há muitos anos). Após este fato, o convidado que já caçoava de Sérgio, aumenta suas brincadeiras irritando o amigo de Sérgio que bate no rapaz.
Todos são levados à delegacia e Sérgio ouve sua amada pedir ao delegado que não o levem para o manicômio, novamente. Explica que foi culpa dela sobre o ocorrido, que foi um beijo sem importância, que ele é um coitado doente. Essas palavras soam profundamente em Sérgio e batem de frente com sua estrutura fragilizada. No dia seguinte, Sérgio é encontrado morto, se suicidou.
Nesse momento percebe-se que muitas pessoas consideradas “normais” não tem a mínima noção do quanto suas palavras e ações podem (inter)ferir um sujeito com transtorno mental. Matamos simbolicamente um doente mental, quando lhe tiramos a condição de sujeito de capacidades e lhes nomeamos como apenas um “coitado doente”. Pois não o são. São sujeitos que por condições genéticas e sociais, desenvolveram distúrbios mentais que lhes limitam de alguma forma, mas jamais os tornam incapazes, os tornam diferentes!
Este sujeito tem capacidades e limites, como todos nós, em algumas ocasiões esse limite prevalece, mas nem por esse motivo, ele deve ser tratado como apenas um “coitado”, um “doente”, pois ele tem condições de gerenciar sua vida, como cada um de nós o faz, da maneira que consegue.
Após a morte de Sérgio, alguns pacientes entram em crise, o diretor sente-se culpado pelo acontecido, por ter incentivado e dado liberdade a Sérgio e aos demais. Eles retornam a instituição de cunho manicomial, voltam a ser medicados como antes, até momento em que o psiquiatra percebe que as melhoras que ocorreram tinhas sido significativas e que jamais imaginaria que fossem possíveis naqueles pacientes. Entra em contato e pede para que o diretor retorne, pois o trabalho fez bem aos pacientes, trouxe melhoras jamais previstas. Contudo, ele continua sentindo-se culpado. Até o momento em que um dos pacientes acorda literalmente e reúne o grupo para uma assembléia em que decidem ir em busca do diretor e retornar ao trabalho. Assim acontece, eles o encontram e iniciam uma nova etapa da cooperativa 180 (um, oito, zero).
Dessa forma percebe-se mais uma vez, o quão capazes são os pacientes de saúde mental, conseguem decidir e realizar um trabalho que lhes traz satisfação, que os coloca como sujeitos de potencialidades, melhorando dessa forma seu quadro clínico, a sua maneira de enfrentar a vida e os desafios que a mesma impõe diante da sua psicopatologia. A vida segue!