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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Criança e consumismo: Quem ganha com isso?




As crianças cada vez mais deixam de ser crianças para serem "consumidoras". O impacto dessa realidade na vida das crianças parece que ainda não está sendo levado a sério como deveria. Com o objetivo de aprofundar esse debate postamos no blog o documentário "Criança a alma do negócio", Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas.

O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumes.

Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.


Também na mesma linha do documentário publicamos o ótimo artigo da aluna do curso de psicologia Charlize que faz uma reflexão sobre este tema a partir de dados da realidade do municipio de Três de Maio.


BRINCADEIRA DE CRIANÇA... COMO É BOM... COMO É BOM...

Por Charlize Naiana Griebler

Ao se aproximar o mês da criança junto se aproxima uma exaustiva batalha publicitária voltada ao público infantil. Basta ligar a televisão por alguns minutos, que lá vem... A bota da Moranguinho, o tênis das Princesas, O boneco do Batman, o relógio do Ben 10, A Poly que tem controle e todo esse bombardeio de apelo ao consumo.

Recente pesquisa realizada com crianças entre 6 e 10 anos em uma escola da rede pública de Três de Maio apontam os desejos consumistas já expressos nesta faixa etária. Ao serem questionadas sobre os fatores que influenciam a decisão na hora de comprar calçados, por exemplo, 37% das crianças afirmam que a marca é fator decisivo e, além disso, 27% dizem que suas roupas são compradas baseadas na moda.

Esses dados apontam a vulnerabilidade das crianças ao apelo do marketing, pois estão em processo de desenvolvimento e por isso, não possuem a totalidade das habilidades necessárias para uma interpretação apropriada dos apelos que lhe são dirigidos.

A pesquisa em Três de Maio mostra que mais de 50% das crianças assistem em média 4 horas de televisão por dia, sendo que 27% das crianças assistem sozinhas, sem a companhia de um adulto para direcionar e trabalhar a interpretação das informações expressas.

A pesquisa também questionou sobre os ídolos destas crianças, destacando-se a seguinte frase: “Eu amo a Barbie. Porque o cabelo, o corpo, o calçado e a roupa são bonitos”. Essa fala aponta para uma precocidade relacionada a padrões estéticos e a erotização infantil que ao mesmo tempo reproduz valores humanos impostos e que são incorporados por estas crianças.

Muitas vezes a própria família, sem perceber, estimula o consumismo com o intuito de estar oferecendo o “melhor” aos filhos, com produtos mais caros, ou mais badalados. Porém deve-se ressaltar que a qualidade de uma brincadeira passa longe do preço ou da tecnologia aplicada ao brinquedo. O brincar para a criança tem um sentido muito maior quando é direcionado, as crianças sentem-se desafiadas e acompanhadas, quando a brincadeira faz sentido e é vivenciada em sua totalidade. É mais significativo para a criança a qualidade do tempo que os pais dedicam que o preço do brinquedo que eles lhe presenteiam.

Vivenciar a infância de forma lúdica, cercada de outras crianças, com brincadeiras que permitam desenvolver a capacidade de negociar, de defender suas idéias, de lidarem com suas frustrações é muito mais expressivo que ficar sozinha, frente ao televisor, ao Playstation ou na internet.
As fases do desenvolvimento infantil precisam ser mantidas para que haja um crescimento saudável, tanto psíquico como físico, respeitando cada uma das etapas, sem transformar essa criança num adulto precoce. Também é importante considerar que a relação com o outro nos constitui enquanto sujeitos, e essas relações devem ser valorizadas, pois são fatores determinantes na composição psíquica.

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