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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Curso de Psicologia promove diálogo com Conselhos de Direitos


Mesa formada por representantes de vários conselhos municipais de direitos do município de Três de Maio.



Eliane representante do COMDICA foi uma das palestrantes







Alunas do curso participam da atividade em grupos










Professora Rita com representantes dos Conselhos e a turma do 2 semestre do curso de Psicologia
 
Políticas Públicas em pauta

Na noite de segunda-feira (27.10) no curso de Psicologia da Faculdade Três de Maio-SETREM aconteceu o encontro de representantes dos diversos Conselhos do Município de Três de Maio com os acadêmicos do 2o. Semestre do curso. A atividade foi realizada pela disciplina de Psicologia Sociedade e Política, ministrada pela professora Rita de Cássia Maciazeki Gomes.

Estiveram presentes na atividade representantes de diferentes Conselhos do Municipio de Três de Maio: Zelaide Maria Meller Tupis, do Conselho de Meio Ambiente; Lourdi Bender, Neusa Altmann Schröer do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher-CONDIM; Eliane Cristina Träsel e Nadir Inês Gabe do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - COMDICA; Marli Weber do Conselho Municipal da Assistência Social e Eugenio Kohls do Conselho Municipal de Agricultura - CMA.

A professora Rita Maciazeki destacou a importancia da atividade:
"Espaços, como este, de divulgação do funcionamento dos Conselhos e de socialização das experiências dos Conselheiros instiga a participação dos alunos de graduação em instancias consultivas e deliberativas da sociedade, como os Conselhos. Marca também uma firme articulação entre Psicologia e Políticas Públicas presente junto aos serviços da rede de atendimento e no cotidiano da vida da população".

sábado, 23 de outubro de 2010

Atendimento psicológico pioneiro para mulheres vítima de violência em Três de Maio é destaque na imprensa regional


Atendimento realizado pela estágiária de psicologia Charlize Griebler com supervisão da professora Jeane Borges é destaque na imprensa regional.

Uma reportagem feita pela RBS Santa Rosa nessa semana destacou o serviço, pioneiro na região, de atendimento psicológico voltado para mulheres vítimas de violência realizado no município de Três de Maio. O local de atendimento é a delegacia de polícia civil do município, toda quarta-feira, pelo turno da manhã. O acolhimento psicólogico é realizado pela estagiária Charlize Naina Griebler sob orientação da professora Jeane Lessinger Borges do curso de PSicologia da SETREM.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Aluna de psicologia realiza estágio utilizando psicodrama






A Comunidade Betânia do Hospital São Vicente de Paulo recebe a acadêmica do curso de Psicologia da Setrem Anelise Wink Ludwig para realizar sua prática de estágio específico sob orientação da Psicóloga Evandir Bueno Barasuol. O trabalho é realizado através de uma abordagem sociodramática, com encontros temáticos que buscam resgatar a infância, utilizando-se de espaços diversificados, especialmente preparados para o desenvolvimento das atividades. Nos encontros temáticos são trabalhados assuntos como: brincadeiras, passeios, amigos(as), etc, que mais marcaram a infância. Relembrar momentos importantes do passado e dividir histórias pessoais, através do sociodrama, pode ser uma importante tarefa para aumentar a auto-estima, a inserção social e ressignificar o curso de vida no envelhecer. O objetivo desse trabalho é proporcionar momentos de encontros e descontração, renovando a alegria de viver e de envelhecer de maneira saudável, conferindo um novo sentido ao envelhecimento.

Criado por Jacob Lev Moreno, o psicodrama pode ser definido como uma via de investigação da alma humana mediante a ação. O Psicodrama é uma teoria que não interpreta, mas que procura criar condições. Nesta atividade utiliza o jogo psicodramático para reviver fenômenos passados no momento do aqui e agora. Dentro da teoria psicodramática encontra-se o sociodrama que trabalha com grupos. O sociodrama surgiu do teatro espontâneo com o objetivo de trabalhar e tratar as questões grupais, seus conflitos, sofrimentos, interações e a maneira como cada pessoa dentro do grupo se percebe e se relaciona. Assim, por meio dessa técnica algumas situações que surgem no grupo são representadas no momento do aqui agora através da ação, do teatro, da música, etc.
Um dos encontros aconteceu no dia 19 de outubro, com o tema cantigas de roda da infância. Neste momento a turma do Jardim B do Colégio Dom Hermeto, através do convite da estagiária, fez uma visita para as irmãs e falaram sobre seu brinquedo preferido. Após isso cantaram cantigas. Foi um momento de encontro alegre, divertido e terapêutico.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Prof. Luciano Bedin apresenta sua tese de doutorado no INSTITUTO DE PSICOLOGIA SOCIAL PICHON-RIVIÈRE


Prof. Luciano Bedin apresentará sua tese em evento em Porto Alegre no dia 21 de outubro

INSTITUTO DE PSICOLOGIA SOCIAL PICHON-RIVIÈRE

Convida

Dia 21 de outubro das 19 h às 21 h

BIOGRAFEMA COMO ESTRATÉGIA BIOGRÁFICA



Encontro de apresentação da Tese de Doutorado em Educação "Biografema como estratégia biográfica: escrever uma vida com Nietzsche, Deleuze, Barthes e Henry Miller" onde o autor propõe que tomar partido da biografia enquanto criação (e não somente como representação de um real já vivido) é colocar-se diante de uma política que se mostra contrária a todo uso biográfico que sufoca a vida, a toda estratégia ou metodologia thanatográfica. O próprio sujeito se desloca – ele passa a ser, neste sentido, também um criador, um fabulador de realidade, um ator mesmo de escritura e de vida.

Palestrante Luciano Bedin da Costa - Doutor em Educação/UFRGS. Professor de psicologia/SETREM, realiza oficinas de Fotografia e Subjetividade. Ministra aulas na Especialização em Educação Infantil/UNISINOS, com enfoque em culturas e linguagens infantis. Organizou o livro Vidas do Fora: habitantes do silêncio. Ed. UFRGS, 2010. Responsável pelo projeto Cartografias Infantis: a cidade pela criança - a fotografia pela infância, financiado pela - FUNARTE.

Inscrições gratuitas: 3331 7467 e contato@pichonpoa.com.br e www.pichonpoa.com.br

Miguel Tostes, 998, conj. 24, Esquina Protásio Alves - Rio Branco - Porto Alegre.

A Psicologia que eu vivo





A Psicologia Que Eu Vivo
Por Mákellen Gonçalves Dias


Muito ouço falar de como a psicologia pode ser, fazer, modificar, auxiliar, contribuir, ouço também sobre como a psicologia é compreensiva ao entender cada ser humano como único, e de como se deve fazer o melhor para o desenvolvimento possível deste.

Entretanto não é esta psicologia que vejo nos lugares por onde tenho contato com pessoas ligadas à psicologia. É estranho quando temos um discurso extremamente coerente de acordo com o citado acima, diga-se admirável, mas neste mesmo espaço temos outras falas e ainda mais estranho, uma prática, que não é profetizada e não varia no tempo o suficiente para não entrar em contato com
o eco da fala anterior.

É corrente na psicologia o discurso sobre fugir do passado que carregamos, aonde se contribuiu para a discriminação, massificação e tantos outros fatos sociais, sendo necessário criar espaços para o diálogo, espaço aonde se escuta, não uma escuta diagnóstica, mas sim uma escuta entre iguais, indiferentemente da organização social a qual estão atrelados. Interessante notar que ao mesmo tempo em que decorremos sobre isto em trabalhos acadêmicos dos mais variados, artigos, short-papers, resenhas, etc., elucubrando trechos de pensamentos variados, grande parte destes nos quais nem acreditamos, entre soluções de ligação de nossa língua, aonde se suprime todo o espaço de fala do próprio autor, a não mais do que dois ou três parágrafos dispersos e quando não apenas uma tentativa tímida de colocar-se sem se amedrontar com a possibilidade de estar em contato com o senso comum; nós não fazemos mais do que cumprir protocolos e enganarmos.

Não há nisto mais do que uma imensa incoerência, para não dizer hipocrisia, pois seria ainda mais estranho achar que esta psicologia tão reflexiva não tenha conhecimento disto. Enquanto se preocupa em dar conta de um papel social, a psicologia não faz nada além de empurrar para debaixo do tapete as falhas que comete frequentemente em seu discurso/prática.

Esta psicologia não passa de uma sombra deturpada de um discurso coerente de uma prática coerente que, incoerentemente não existe.Procrastinando seu embate com este problema, não posso conceber nesta psicologia muito mais do que a semelhança com o mito da caverna de Platão. Voltados para a parede estamos, embriagados com nossa própria fala, como que hipnotizados por um sonho que tremula diante de nossos olhos, enquanto no vácuo entre a fala e a realidade nos comprometemos em ser aquilo de que queremos fugir,ou nos descomprometemos com aquilo que se sonha de uma psicologia.

Uma destruidora de sonhos como escutei falar recentemente, esta é a psicologia que vivo, aonde perguntam se para realizar seus sonhos é necessário ser psicólogo(a), o que fez saltar dentro de mim a pergunta: e para realizar meus sonhos eu não posso ser psicólogo(a)? Grande paradoxo este, pois os sonhos não fazem menos parte da psicologia, do que a psicologia faz dos sonhos, sabendo que muitas vezes a psicologia se constitui como um sonho, que rotineiramente comete o erro de
se tornar um pesadelo para os seus.

O que fica de tudo isto, é apenas o desejo de que a psicologia de que ouço falar, não seja apenas a sombra de um sonho, mas sim o sonho em que não se entristece com o pôr-do-sol que deixa para trás nossa sombra e diante de nossosolhos o desejo de vê-lo uma vez mais.

Carecer de Carência


O autor: Deiwytt Naomar Rustick, aluno de psicologia da SETREM.


Carecer de Carência
Por Deiwytt Naomar Rustick*


Carecer é próprio do ser-humano. Remete-se a necessidade de algo que lhe causa falta. Necessidade remete-se a desejo. Ao continuarmos dissecando a palavra carência iremos perceber que estamos falando de algo que faz parte da natureza humana. Carência de comida, carência de dinheiro, poder, carência de tudo! Sempre estamos a procura de algo, na procura de seus sonhos mais secretos, na procura de um tesão para viver. Somos carentes, carentes de tudo, carentes de vida. Sim, você é carente, eu sou carente e carente seremos dentro de nossa normalidade humana. Dopamos realidade buscando o que nos falta, procuramos alternativas em todos lugares e, assim, dopamos o nosso tesão pela vida.

“Tudo azul
No céu desbotado
E a alma lavada
Sem ter onde secar

Eu corro
Eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida


Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional”


Barão Vermelho – Carente Profissional

Nossa perspectiva de desejo, quando pensada dentro de um contexto “de carecer” torna-se deturpada. Se você está carente de fome, come tudo que vem pela frente. Se você está carente de amor, não suporta os galanteios de Don Juan’s ou Capitu’s que estão aguardando a sensibilidade de outros a procura do que carecem. Desejo por desejo, necessidade por necessidade, prazer por prazer. Lógica distorcida do querer e do não querer querendo.

“Levando em frente
Um coração dependente
Viciado em amar errado
Crente que o que ele sente é sagrado
E é tudo piada.
Tudo piada!
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional”


Barão Vermelho – Carente Profissional

Quem não merece um lugar ao sol? Quem não merece ser feliz? A carência de tantas pessoas gera uma comunidade carente.

“Eu moro numa comunidade carente
Lá ninguem liga prá gente
Nós vivemos muito mal
Mas esse ano nós estamos reunidos
Se algum candidato atrevido
For fazer promessas vai levar um pau
Vai levar um pau prá deixar de caô
E ser mais solidário
Nós somos carentes, não somos otários
Prá ouvir blá, blá, blá em cada eleição”


Zeca Pagodinho – Comunidade Carente

Para um candidato político carente de votos, uma comunidade carente de uma vida justa é alvo certo. Afinal, é uma massa sem cérebro, que se resume a um aglomerado útil de dois em dois anos, momento que a carência do ser político precisa de alimentação. Alimentação, feijão e arroz! Boa fonte de nutrição! Nem só de arroz e feijão uma pessoa sobrevive, uma galinha a mesa também é bem-vinda de vez em quando.

”A mim não importa
Os culpados por viver assim
Só preciso de alguém
Para cuidar de mim
Que me ensine a na vida
Ser um vencedor”


Jorge Gomes – Criança Carente

“O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre”.

Vinicíus de Moraes

Quando os sonhos parecem demasiado grandes e de difícil acesso, o tesão pela vida e por tudo que nos rodeia fala mais alto. Esse tesão faz questionamentos surgirem em nossa mente. Certos fatores que antes eram tão bem resolvidos e afetados por estigmas intrínsecos em nossa cultura se tornam duais. Dualidade que confunde, dualidade que afeta a moralidade, afeta a normalidade. O que é certo? O que é errado? Se a vida joga pesado contigo, será que não precisamos jogar pesado com a realidade? Não sei. Não sei o que é certo e errado. Você sabe? Minha verdade é diferente da sua e isso nos torna únicos. Tão lindo não? Tão lindo que um ponto de vista depende da subjetividade da pessoa. A mesma imagem com diferentes interpretações e as interpretações com diferentes imagens. Tão iguais aos olhos de quem observa apenas o palpável e deixa de lado o que foi dito porém não falado, o que está atrás das interpretações, atrás da imagem. Tudo aquilo que nos torna desiguais e seres de opinião própria. Tudo aquilo que nos torna carentes de carência, carentes de carecer, carentes de viver.

*Texto elaborado na disciplina de Psicologia Comunitária e Projetos Sociais ministrada pelo prof. Luciano Bedin

Criança e consumismo: Quem ganha com isso?




As crianças cada vez mais deixam de ser crianças para serem "consumidoras". O impacto dessa realidade na vida das crianças parece que ainda não está sendo levado a sério como deveria. Com o objetivo de aprofundar esse debate postamos no blog o documentário "Criança a alma do negócio", Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas.

O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumes.

Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.


Também na mesma linha do documentário publicamos o ótimo artigo da aluna do curso de psicologia Charlize que faz uma reflexão sobre este tema a partir de dados da realidade do municipio de Três de Maio.


BRINCADEIRA DE CRIANÇA... COMO É BOM... COMO É BOM...

Por Charlize Naiana Griebler

Ao se aproximar o mês da criança junto se aproxima uma exaustiva batalha publicitária voltada ao público infantil. Basta ligar a televisão por alguns minutos, que lá vem... A bota da Moranguinho, o tênis das Princesas, O boneco do Batman, o relógio do Ben 10, A Poly que tem controle e todo esse bombardeio de apelo ao consumo.

Recente pesquisa realizada com crianças entre 6 e 10 anos em uma escola da rede pública de Três de Maio apontam os desejos consumistas já expressos nesta faixa etária. Ao serem questionadas sobre os fatores que influenciam a decisão na hora de comprar calçados, por exemplo, 37% das crianças afirmam que a marca é fator decisivo e, além disso, 27% dizem que suas roupas são compradas baseadas na moda.

Esses dados apontam a vulnerabilidade das crianças ao apelo do marketing, pois estão em processo de desenvolvimento e por isso, não possuem a totalidade das habilidades necessárias para uma interpretação apropriada dos apelos que lhe são dirigidos.

A pesquisa em Três de Maio mostra que mais de 50% das crianças assistem em média 4 horas de televisão por dia, sendo que 27% das crianças assistem sozinhas, sem a companhia de um adulto para direcionar e trabalhar a interpretação das informações expressas.

A pesquisa também questionou sobre os ídolos destas crianças, destacando-se a seguinte frase: “Eu amo a Barbie. Porque o cabelo, o corpo, o calçado e a roupa são bonitos”. Essa fala aponta para uma precocidade relacionada a padrões estéticos e a erotização infantil que ao mesmo tempo reproduz valores humanos impostos e que são incorporados por estas crianças.

Muitas vezes a própria família, sem perceber, estimula o consumismo com o intuito de estar oferecendo o “melhor” aos filhos, com produtos mais caros, ou mais badalados. Porém deve-se ressaltar que a qualidade de uma brincadeira passa longe do preço ou da tecnologia aplicada ao brinquedo. O brincar para a criança tem um sentido muito maior quando é direcionado, as crianças sentem-se desafiadas e acompanhadas, quando a brincadeira faz sentido e é vivenciada em sua totalidade. É mais significativo para a criança a qualidade do tempo que os pais dedicam que o preço do brinquedo que eles lhe presenteiam.

Vivenciar a infância de forma lúdica, cercada de outras crianças, com brincadeiras que permitam desenvolver a capacidade de negociar, de defender suas idéias, de lidarem com suas frustrações é muito mais expressivo que ficar sozinha, frente ao televisor, ao Playstation ou na internet.
As fases do desenvolvimento infantil precisam ser mantidas para que haja um crescimento saudável, tanto psíquico como físico, respeitando cada uma das etapas, sem transformar essa criança num adulto precoce. Também é importante considerar que a relação com o outro nos constitui enquanto sujeitos, e essas relações devem ser valorizadas, pois são fatores determinantes na composição psíquica.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Reflexão Crítica sobre o filme 5 X Favela



Ana Paula, aluna de psicologia da SETREM escreveu sobre o filme 5X Favela








Reflexão crítica sobre o filme 5X Favela, Agora por Nós Mesmos*

Ana Paula Lemos- Aluna do curso de PSicologia da SETREM



Um filme para se pensar, novamente, nas comunidades das favelas em nosso país, mas me sinto sem preparação para tal questionamento, pois não conheço essa realidade de perto, isso torna meu discurso superficial, então, nesse meu saber pouco sólido irei discutir aquilo que me movimenta internamente.

Carecer é sentir-se incompleto, não existe um ser sem carência, o tempo é determinante nesse processo, pois não para no momento em que suprimos algo, sempre haverá mais, a carência é um oito, infinito.

Uns carecem de comida, pois arroz e feijão todos os dias enjoa, outros carecem de uma vida moralmente correta enquanto outros necessitam fugir das regras. A carência é o desejo não realizado, o homem isento de desejos perde a natureza humana, perde a razão de viver. O que pode vir a se tornar preocupante é o excesso de carência, onde os desejos não são supridos, a ganância, o status, o perfeccionismo, o ciúme são exemplos de insatisfação constante. Nessa morada estão os abusos, aquilo que transborda em nossa sociedade, que se torna cada vez mais desigual. Se falta comida para um pai alimentar sua família, falta caviar na mesa de um milionário para impressionar seus convidados, se não faltar animais, faltaram casacos de pele, e assim sucessivamente faltas intermináveis e suas dualidades.

As cinco histórias trazidas por esta película são histórias sofridas e resolvidas da maneira que seu meio permite, longe de nossa realidade, impossíveis de nos sensibilizar da forma exata, mas instigam uma movimentação interna e uma revolta imensa por ainda existir órfãos de humanidade, em um mundo tão desenvolvido tecnologicamente, ainda nos falta a evolução da sensibilidade humana,algo que já se tornou um clichê de Miss Universo que deseja a “paz mundial”, mais uma desgraça transformada em graça para quem quiser aderir ao humor negro.

Confesso sentir uma grande frustração em relação à banalização da violência em nossa mídia, pois se tornou mais uma forma das grandes empresas televisivas lucrar com a graça na desgraça alheia, notamos ai uma carência das pessoas que estão em casa em frente aos seus aparelhos de televisão em ver que suas vidas não são tão ruins assim, e que existem pessoas em situação pior, dando-lhes um alivio de sua condição.

É importante a realidade brasileira ser representada com um meio de comunicação tão ressonante, mas até quando seremos vistos pelo mundo a fora como favelados, miseráveis do sertão, nádegas bronzeadas em cartões postais,e tantas outras formas distorcidas. Brasileiros também são comédia romântica, brasileiros também são patriotas e lutam pela sua pátria, onde estão nossos William Wallace (Coração Valente)?. Cadê os nossos contos infantis, o negrinho do pastoreio, o caipora, esqueceram? O Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago teve que ser produzido por americanos. Com tantas riquezas literárias, poderiamos retratar nosso país de forma mais condizente com o sentimento do brasileiro. Estamos satisfeitos de tanta exploração do sofrimento alheio, comecemos a explorar o que há de bom, pois o que se vê é o que se faz, violência gera violência, bordão dos mais baratos, mas dos mais valiosos.

*Trabalho final para componente PSICOLOGIA COMUNITÁRIA E PROJETOS SOCIAIS, ministrado pelo prof. Luciano Bedin da Costa

CENSURA: Jornal proibe psicanalista de escrever sobre política



Maria Rita Kehl uma das mais conhecidas psicanalistas do país é proibida de escrever sobre política no jornal O Estado de São Paulo


Durante 20 anos o Brasil viveu uma Ditadura Militar que torturou e matou muitos brasileiros. Instaurou-se a censura nos meios de comunicação. Agora depois de mais de 20 anos da redemocratização a censura é retomada, não mais pelo governo, mas pelos donos dos meios de comunicação.
Maria Rita Kehl é uma das mais conhecidas psicanalistas do Brasil. Autora de diversos livros e colunista de revistas e jornais entre eles O Estado de São Paulo. A psicanalista escreveu um artigo na véspera do primeiro turno das eleições para este jornal, cujo tema foi uma reflexão crítica sobre o pensamento preconceituoso de grande parte da “classe média” em relação as classes mais empobrecidas.O artigo, intitulado “Dois pesos”, era até cauteloso e, inclusive, fazia elogios ao próprio jornal.

Entretanto, esse foi o motivo da demissão da psicanalista. Com a ampla repercussão negativa da demissão, o jornal recuou mas informou que a psicanalista só poderá escrever sobre psicanálise e não sobre política. Ou seja, o jornal que prega a liberdade de imprensa na prática censura quem não pensa como os donos do jornal.

Se confirmada a perseguição à altiva psicanalista, é urgente o repúdio do Sindicato dos Jornalistas e das entidades democráticas.

Para quem não leu o artigo, vale ser lido e relido:

Dois Pesos
Maria Rita Kehl- O Estado de São Paulo-02/10/2010


Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.