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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Curso de Psicologia presente em Encontro de Mulheres Agricultoras


O evento ocorreu no salão paroquial de São José de Inhacorá.

Na sexta-feira, dia 10, realizou-se no salão paroquial de São José de Inhacorá, o III Encontro de Mulheres Agricultoras reunindo 163 associadas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais daquele município e de Três de Maio.

Na ocasião a estagiária do Curso de Psicologia da SETREM, Edimara Piovesan Fassini, sob orientação da professora e psicóloga Rita de Cássia Maciazeki Gomes, realizou intervenção, possibilitando reflexão sobre o sentido do encontro com o outro, do espaço e fortaleza do grupo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Colegiado do curso de Psicologia realiza reunião de encerramento do ano




Nesta terça-feira (06/12) realizou-se a reunião de encerramento do ano do colegiado do curso de psicologia, reunindo coordenação e professores.

2ª JORNADA DE RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE PSICOLOGIA e 2ª MOSTRA DE TRABALHOS DE OFICINAS



Professora Rita de Cássia Maciazeki, coordenadora de estágios do curso de Psicologia faz a abertura do evento.

Acadêmicas de psicologia expõe seus trabalhos realizados durante o estágio.




Coordenação da curso de Psicologia e as acadêmicas que apresentaram seus trabalhos

No dia 30/11/2010, realizou-se no Auditório do Campus SETREM a 2ª MOSTRA DE TRABALHOS DE OFICINAS e a 2ª JORNADA DE RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE PSICOLOGIA. Este evento foi realizado como fechamento de um ciclo de três semestres consecutivos do Estágio Básico em Saúde Coletiva dos acadêmicos do Curso de Psicologia em práticas profissionais em diferentes campos de atuação do psicólogo (Serviços da rede de Assistência Social, Educação e Saúde).

"Este foi um momento festivo realizado com os campos de estágio (direção, técnicos, professores e demais funcionários) e com a comunidade em geral, compartilhamos as reflexões e os relatos de experiências da Psicologia produzidos neste período nos mais diferentes locais.

" destacou a professora Rita Maciazeki, Coordenadora de estágios do curso de Psicologia.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Artigo da professora Lilian Winter, Coordenadora do curso de Psicologia da SETREM publicado na Revista Afinal

Acadêmicas de Psicologia realizam estágio no Hospital São Vicente de Paula





O Hospital São Vicente de Paulo recebe as acadêmicas do curso de Psicologia da Setrem Anelise Wink Ludwig e Cleusa Arnemann para realizar sua prática de estágio específico sob orientação da Psicóloga Evandir Bueno Barasuol.

Dentre os projetos propostos, o primeiro aconteceu na tarde do dia 26 de outubro de 2010, momento em que o Hospital São Vicente de Paula registra mais um ano de trabalho, completando 76 anos de história e contou com a presença da direção, coordenadores e colaboradores do Hospital São Vicente de Paulo, professores e acadêmicos do curso de psicologia e lideranças da comunidade local e regional. O tema abordado no painel versou sobre “O sentido do trabalho e do envelhecimento no ciclo vital”. Foi um momento que gerou intensa participação, debate e envolvimento dos presentes

A reflexão proposta enfatizou que na atualidade ampliam-se os espaços e abrem-se caminhos para o ‘fazer’ da Psicologia, conferindo um novo significado no âmbito do trabalho e no processo do envelhecimento no ciclo vital. Partindo de uma visão biopsicossocial e espiritual de homem, na qual, os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais estão interligados, as abordagens teóricas apresentadas foram permeadas por vivências sociodramáticas com o objetivo de perceber o ser humano em sua essência espiritual, refletir sobre o trabalho no ciclo vital, repensar acerca do envelhecer e do sentido da vida.

Nesse contexto, percebe-se que o trabalho é essencial na vida do ser humano além de ser útil para as organizações e também para a sociedade. As pessoas buscam no trabalho valores fundamentais para que a atividade tenha sentido na vida. Da mesma forma, a busca de um novo sentido para o envelhecimento está pautada em sentir-se bem consigo e com o mundo que o cerca, é estar bem com seu momento de vida e bem espiritualmente.


domingo, 28 de novembro de 2010

Psicologia da SETREM participa de Congresso Internacional em Buenos Aires




Apresentação da acadêmica Sihan sobre Psicologia na Assistência Social



Apresentação das professoras Lisiane, Rita, Solange, Vanda e Renata.



Apresentação da acadêmica Francieli Winkelmann da pesquisa sobre Psicologia e Políticas Públicas


Apresentação da acadêmica Raquel Ledur sobre a experiência da psicologia no Projeto da BM "Pelotão Mirim"


Apresentação das acadêmicas Chrystiane Warken e Marciane Link sobre Psicologia na Escola.



Apresentação dos professores Rita e Paulo sobre Economia Solidária e Saúde Mental no Brasil.



Apresentação da acadẽmica Iara Schmitt sobre Desafios a situação da família em situação de violência






Academicas Diana Kettner e Zuleica Osmari que apresentaram o trabalho sobre a questão da evasão escolar.



O grupo em Puerto Madera


Delegação da SETREM junto com as Madres da Plaza de Mayo


O curso de Psicologia da SETREM participou com uma delegação de 19 pessoas, entre acadêmicas e professores, do IX Congresso Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos, promovido pela Universidade Popular das Madres de Plaza de Mayo. O evento que reuniu mais de 10 mil pesquisadores de diversos países em Buenos Aires durante os dias 18,19,20 e 21 de novembro constitui-se hoje como um dos principais eventos Latinoamericanos do campo da Psicologia.

Durante Congresso as acadêmicas e professores da SETREM apresentaram 19 trabalhos nas diferentes modalidades como trabalhos livres, Mesa Redonda e posters.

Participaram da delegação da SETREM a Coordenadora do curso de Psicologia, professora Evandir Bueno Barasuol e os professores Rita de Cássia Maciazeki Gomes, Lisiane Fachinetto, Solange Castro Schorn, Paulo Marques.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Seminário de Psicologia e Políticas Públicas

CARTOGRAFIAS INFANTIS








Professor de Psicologia Luciano Bedin organiza seminário em Porto Alegre


No último dia 17 de novembro, o professor de psicologia Luciano Bedin da Costa organizou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o seminário Cartografias Infantis: a cidade pela criança / a fotografia pela criança. Mais de 150 pessoas se inscreveram, em sua grande maioria profissionais e estudantes das áreas da psicologia, artes, educação e geografia.

O seminário contou com conferencistas altamente qualificados, que abordaram a relação entre infância, estética e cidade. O seminário faz parte do projeto Cartografias Infantis, financiado pela Fundação Nacional das Artes (FUNARTE), coordenado pelo próprio professor da SETREM e por uma equipe que conta ainda com Larisa Bandeira (educadora) e Mayra Martins (artista visual). A proposta do projeto é realizar uma cartografia da cidade de Porto Alegre através do olhar da criança, em oficinas de fotografia destinadas ao público infantil.

O projeto ganhou divulgação em duas páginas na Zero Hora, no dia 6 novembro de 2010 – para dar uma conferida na matéria: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=rs&local=1&newsID=a3100770.xml&channel=null&tipo=1§ion=Geral

PARA SABER: cartografia é uma ciência geográfica que estuda e produz mapas. No campo da psicologia, a cartografia surge como uma metodologia para mapear os movimentos sociais e subjetivos. O psicólogo-cartógrafo constróe seus mapas na medida em que percorre o próprio território; ele não se coloca do lado de fora, suspeita da idéia de neutralidade e sabe que o simples fato de estar no espaço já é um tipo de intervenção.

PARA 2010: Para o primeiro semestre de 2010, o professor Luciano Bedin da Costa ministrará na SETREM a oficina CARTOGRAFIA: uma outra forma de pesquisar, que será realizada às segundas-feiras durante o turno da tarde.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobre o conceito de liberdade




Hegel e nós
Vladimir Pinheiro Safatle

Uma das ideias mais atuais de Hegel diz respeito ao conceito de liberdade.

Ela consiste em lembrar que toda discussão sobre liberdade é inócua se não começar por responder quais condições sociais são necessárias para que uma vida livre possa ganhar realidade.

Um exemplo interessante já fornecido por Hegel (retrato acima) dizia respeito à tendência, no interior das sociedades de livre mercado, de pauperização de largas camadas da população devido à concentração de riquezas. Já no começo do século 19, um pensador da envergadura de Hegel não se espantaria se descobrisse que, enquanto o PIB norte-americano por habitante cresceu 36% entre 1973 e 1995, o salário horário de não-executivos abaixou em 14%.

O paradoxo de sociedades que produzem cada vez mais riquezas enquanto tendem a concentrar sua circulação não vem de hoje.

Para Hegel, este não era um problema de "justiça social", mas sim de condições de efetivação da liberdade. Não é possível ser livre sendo miserável. Livres escolhas são radicalmente limitadas na pobreza e, por consequência, na subserviência social. Posso ter a ilusão de que, mesmo com restrições, continuo a pensar livremente, a deliberar a partir de meu livre-arbítrio individual.

Um pouco como o estoico Epiteto, que dizia ser livre mesmo sendo escravo. No entanto, uma liberdade que se reduziu à condição de puro pensamento é simplesmente inefetiva. Ela determina em muito pouco as motivações para o nosso agir.

Assim, uma questão fundamental para a realização da liberdade estava ligada à constituição de um Estado com forte capacidade tributária. Estado capaz de, com isso, diminuir as tendências de concentração de riqueza e de pauperização, como já vimos em outros momentos da história.

Isso permitia a Hegel lembrar que a defesa da liberdade não passava pela crença liberal da redução do Estado a simples ator responsável pela segurança pessoal, assim como pela garantia das propriedades e contratos. Ao contrário, era necessário um ator social capaz de limitar as tendências paradoxais das sociedades civis de livre mercado, quebrando o puro interesse dos particulares.

Mas esta "quebra" e esta "limitação" eram as condições para a realização concreta da liberdade. Pois não se explica o que é liberdade partindo dos sistemas individuais de interesses, embora eles não possam ser simplesmente excluídos. "Liberdade" não é apenas um modo de relação a si, mas também um modo de relação social. Por isto, aqueles para quem o Estado é uma espécie de monstro a limitar as nossas possibilidades de autorrealização talvez não saibam o que dizem.

Artigo de Vladimir Pinheiro Safatle, professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), especialista em epistemologia (teoria do conhecimento) e filosofia da música. Publicado no jornal Folha de São Paulo, edição de hoje.

Para rir um pouco...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Curso de Psicologia promove diálogo com Conselhos de Direitos


Mesa formada por representantes de vários conselhos municipais de direitos do município de Três de Maio.



Eliane representante do COMDICA foi uma das palestrantes







Alunas do curso participam da atividade em grupos










Professora Rita com representantes dos Conselhos e a turma do 2 semestre do curso de Psicologia
 
Políticas Públicas em pauta

Na noite de segunda-feira (27.10) no curso de Psicologia da Faculdade Três de Maio-SETREM aconteceu o encontro de representantes dos diversos Conselhos do Município de Três de Maio com os acadêmicos do 2o. Semestre do curso. A atividade foi realizada pela disciplina de Psicologia Sociedade e Política, ministrada pela professora Rita de Cássia Maciazeki Gomes.

Estiveram presentes na atividade representantes de diferentes Conselhos do Municipio de Três de Maio: Zelaide Maria Meller Tupis, do Conselho de Meio Ambiente; Lourdi Bender, Neusa Altmann Schröer do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher-CONDIM; Eliane Cristina Träsel e Nadir Inês Gabe do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - COMDICA; Marli Weber do Conselho Municipal da Assistência Social e Eugenio Kohls do Conselho Municipal de Agricultura - CMA.

A professora Rita Maciazeki destacou a importancia da atividade:
"Espaços, como este, de divulgação do funcionamento dos Conselhos e de socialização das experiências dos Conselheiros instiga a participação dos alunos de graduação em instancias consultivas e deliberativas da sociedade, como os Conselhos. Marca também uma firme articulação entre Psicologia e Políticas Públicas presente junto aos serviços da rede de atendimento e no cotidiano da vida da população".

sábado, 23 de outubro de 2010

Atendimento psicológico pioneiro para mulheres vítima de violência em Três de Maio é destaque na imprensa regional


Atendimento realizado pela estágiária de psicologia Charlize Griebler com supervisão da professora Jeane Borges é destaque na imprensa regional.

Uma reportagem feita pela RBS Santa Rosa nessa semana destacou o serviço, pioneiro na região, de atendimento psicológico voltado para mulheres vítimas de violência realizado no município de Três de Maio. O local de atendimento é a delegacia de polícia civil do município, toda quarta-feira, pelo turno da manhã. O acolhimento psicólogico é realizado pela estagiária Charlize Naina Griebler sob orientação da professora Jeane Lessinger Borges do curso de PSicologia da SETREM.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Aluna de psicologia realiza estágio utilizando psicodrama






A Comunidade Betânia do Hospital São Vicente de Paulo recebe a acadêmica do curso de Psicologia da Setrem Anelise Wink Ludwig para realizar sua prática de estágio específico sob orientação da Psicóloga Evandir Bueno Barasuol. O trabalho é realizado através de uma abordagem sociodramática, com encontros temáticos que buscam resgatar a infância, utilizando-se de espaços diversificados, especialmente preparados para o desenvolvimento das atividades. Nos encontros temáticos são trabalhados assuntos como: brincadeiras, passeios, amigos(as), etc, que mais marcaram a infância. Relembrar momentos importantes do passado e dividir histórias pessoais, através do sociodrama, pode ser uma importante tarefa para aumentar a auto-estima, a inserção social e ressignificar o curso de vida no envelhecer. O objetivo desse trabalho é proporcionar momentos de encontros e descontração, renovando a alegria de viver e de envelhecer de maneira saudável, conferindo um novo sentido ao envelhecimento.

Criado por Jacob Lev Moreno, o psicodrama pode ser definido como uma via de investigação da alma humana mediante a ação. O Psicodrama é uma teoria que não interpreta, mas que procura criar condições. Nesta atividade utiliza o jogo psicodramático para reviver fenômenos passados no momento do aqui e agora. Dentro da teoria psicodramática encontra-se o sociodrama que trabalha com grupos. O sociodrama surgiu do teatro espontâneo com o objetivo de trabalhar e tratar as questões grupais, seus conflitos, sofrimentos, interações e a maneira como cada pessoa dentro do grupo se percebe e se relaciona. Assim, por meio dessa técnica algumas situações que surgem no grupo são representadas no momento do aqui agora através da ação, do teatro, da música, etc.
Um dos encontros aconteceu no dia 19 de outubro, com o tema cantigas de roda da infância. Neste momento a turma do Jardim B do Colégio Dom Hermeto, através do convite da estagiária, fez uma visita para as irmãs e falaram sobre seu brinquedo preferido. Após isso cantaram cantigas. Foi um momento de encontro alegre, divertido e terapêutico.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Prof. Luciano Bedin apresenta sua tese de doutorado no INSTITUTO DE PSICOLOGIA SOCIAL PICHON-RIVIÈRE


Prof. Luciano Bedin apresentará sua tese em evento em Porto Alegre no dia 21 de outubro

INSTITUTO DE PSICOLOGIA SOCIAL PICHON-RIVIÈRE

Convida

Dia 21 de outubro das 19 h às 21 h

BIOGRAFEMA COMO ESTRATÉGIA BIOGRÁFICA



Encontro de apresentação da Tese de Doutorado em Educação "Biografema como estratégia biográfica: escrever uma vida com Nietzsche, Deleuze, Barthes e Henry Miller" onde o autor propõe que tomar partido da biografia enquanto criação (e não somente como representação de um real já vivido) é colocar-se diante de uma política que se mostra contrária a todo uso biográfico que sufoca a vida, a toda estratégia ou metodologia thanatográfica. O próprio sujeito se desloca – ele passa a ser, neste sentido, também um criador, um fabulador de realidade, um ator mesmo de escritura e de vida.

Palestrante Luciano Bedin da Costa - Doutor em Educação/UFRGS. Professor de psicologia/SETREM, realiza oficinas de Fotografia e Subjetividade. Ministra aulas na Especialização em Educação Infantil/UNISINOS, com enfoque em culturas e linguagens infantis. Organizou o livro Vidas do Fora: habitantes do silêncio. Ed. UFRGS, 2010. Responsável pelo projeto Cartografias Infantis: a cidade pela criança - a fotografia pela infância, financiado pela - FUNARTE.

Inscrições gratuitas: 3331 7467 e contato@pichonpoa.com.br e www.pichonpoa.com.br

Miguel Tostes, 998, conj. 24, Esquina Protásio Alves - Rio Branco - Porto Alegre.

A Psicologia que eu vivo





A Psicologia Que Eu Vivo
Por Mákellen Gonçalves Dias


Muito ouço falar de como a psicologia pode ser, fazer, modificar, auxiliar, contribuir, ouço também sobre como a psicologia é compreensiva ao entender cada ser humano como único, e de como se deve fazer o melhor para o desenvolvimento possível deste.

Entretanto não é esta psicologia que vejo nos lugares por onde tenho contato com pessoas ligadas à psicologia. É estranho quando temos um discurso extremamente coerente de acordo com o citado acima, diga-se admirável, mas neste mesmo espaço temos outras falas e ainda mais estranho, uma prática, que não é profetizada e não varia no tempo o suficiente para não entrar em contato com
o eco da fala anterior.

É corrente na psicologia o discurso sobre fugir do passado que carregamos, aonde se contribuiu para a discriminação, massificação e tantos outros fatos sociais, sendo necessário criar espaços para o diálogo, espaço aonde se escuta, não uma escuta diagnóstica, mas sim uma escuta entre iguais, indiferentemente da organização social a qual estão atrelados. Interessante notar que ao mesmo tempo em que decorremos sobre isto em trabalhos acadêmicos dos mais variados, artigos, short-papers, resenhas, etc., elucubrando trechos de pensamentos variados, grande parte destes nos quais nem acreditamos, entre soluções de ligação de nossa língua, aonde se suprime todo o espaço de fala do próprio autor, a não mais do que dois ou três parágrafos dispersos e quando não apenas uma tentativa tímida de colocar-se sem se amedrontar com a possibilidade de estar em contato com o senso comum; nós não fazemos mais do que cumprir protocolos e enganarmos.

Não há nisto mais do que uma imensa incoerência, para não dizer hipocrisia, pois seria ainda mais estranho achar que esta psicologia tão reflexiva não tenha conhecimento disto. Enquanto se preocupa em dar conta de um papel social, a psicologia não faz nada além de empurrar para debaixo do tapete as falhas que comete frequentemente em seu discurso/prática.

Esta psicologia não passa de uma sombra deturpada de um discurso coerente de uma prática coerente que, incoerentemente não existe.Procrastinando seu embate com este problema, não posso conceber nesta psicologia muito mais do que a semelhança com o mito da caverna de Platão. Voltados para a parede estamos, embriagados com nossa própria fala, como que hipnotizados por um sonho que tremula diante de nossos olhos, enquanto no vácuo entre a fala e a realidade nos comprometemos em ser aquilo de que queremos fugir,ou nos descomprometemos com aquilo que se sonha de uma psicologia.

Uma destruidora de sonhos como escutei falar recentemente, esta é a psicologia que vivo, aonde perguntam se para realizar seus sonhos é necessário ser psicólogo(a), o que fez saltar dentro de mim a pergunta: e para realizar meus sonhos eu não posso ser psicólogo(a)? Grande paradoxo este, pois os sonhos não fazem menos parte da psicologia, do que a psicologia faz dos sonhos, sabendo que muitas vezes a psicologia se constitui como um sonho, que rotineiramente comete o erro de
se tornar um pesadelo para os seus.

O que fica de tudo isto, é apenas o desejo de que a psicologia de que ouço falar, não seja apenas a sombra de um sonho, mas sim o sonho em que não se entristece com o pôr-do-sol que deixa para trás nossa sombra e diante de nossosolhos o desejo de vê-lo uma vez mais.

Carecer de Carência


O autor: Deiwytt Naomar Rustick, aluno de psicologia da SETREM.


Carecer de Carência
Por Deiwytt Naomar Rustick*


Carecer é próprio do ser-humano. Remete-se a necessidade de algo que lhe causa falta. Necessidade remete-se a desejo. Ao continuarmos dissecando a palavra carência iremos perceber que estamos falando de algo que faz parte da natureza humana. Carência de comida, carência de dinheiro, poder, carência de tudo! Sempre estamos a procura de algo, na procura de seus sonhos mais secretos, na procura de um tesão para viver. Somos carentes, carentes de tudo, carentes de vida. Sim, você é carente, eu sou carente e carente seremos dentro de nossa normalidade humana. Dopamos realidade buscando o que nos falta, procuramos alternativas em todos lugares e, assim, dopamos o nosso tesão pela vida.

“Tudo azul
No céu desbotado
E a alma lavada
Sem ter onde secar

Eu corro
Eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida


Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional”


Barão Vermelho – Carente Profissional

Nossa perspectiva de desejo, quando pensada dentro de um contexto “de carecer” torna-se deturpada. Se você está carente de fome, come tudo que vem pela frente. Se você está carente de amor, não suporta os galanteios de Don Juan’s ou Capitu’s que estão aguardando a sensibilidade de outros a procura do que carecem. Desejo por desejo, necessidade por necessidade, prazer por prazer. Lógica distorcida do querer e do não querer querendo.

“Levando em frente
Um coração dependente
Viciado em amar errado
Crente que o que ele sente é sagrado
E é tudo piada.
Tudo piada!
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional”


Barão Vermelho – Carente Profissional

Quem não merece um lugar ao sol? Quem não merece ser feliz? A carência de tantas pessoas gera uma comunidade carente.

“Eu moro numa comunidade carente
Lá ninguem liga prá gente
Nós vivemos muito mal
Mas esse ano nós estamos reunidos
Se algum candidato atrevido
For fazer promessas vai levar um pau
Vai levar um pau prá deixar de caô
E ser mais solidário
Nós somos carentes, não somos otários
Prá ouvir blá, blá, blá em cada eleição”


Zeca Pagodinho – Comunidade Carente

Para um candidato político carente de votos, uma comunidade carente de uma vida justa é alvo certo. Afinal, é uma massa sem cérebro, que se resume a um aglomerado útil de dois em dois anos, momento que a carência do ser político precisa de alimentação. Alimentação, feijão e arroz! Boa fonte de nutrição! Nem só de arroz e feijão uma pessoa sobrevive, uma galinha a mesa também é bem-vinda de vez em quando.

”A mim não importa
Os culpados por viver assim
Só preciso de alguém
Para cuidar de mim
Que me ensine a na vida
Ser um vencedor”


Jorge Gomes – Criança Carente

“O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre”.

Vinicíus de Moraes

Quando os sonhos parecem demasiado grandes e de difícil acesso, o tesão pela vida e por tudo que nos rodeia fala mais alto. Esse tesão faz questionamentos surgirem em nossa mente. Certos fatores que antes eram tão bem resolvidos e afetados por estigmas intrínsecos em nossa cultura se tornam duais. Dualidade que confunde, dualidade que afeta a moralidade, afeta a normalidade. O que é certo? O que é errado? Se a vida joga pesado contigo, será que não precisamos jogar pesado com a realidade? Não sei. Não sei o que é certo e errado. Você sabe? Minha verdade é diferente da sua e isso nos torna únicos. Tão lindo não? Tão lindo que um ponto de vista depende da subjetividade da pessoa. A mesma imagem com diferentes interpretações e as interpretações com diferentes imagens. Tão iguais aos olhos de quem observa apenas o palpável e deixa de lado o que foi dito porém não falado, o que está atrás das interpretações, atrás da imagem. Tudo aquilo que nos torna desiguais e seres de opinião própria. Tudo aquilo que nos torna carentes de carência, carentes de carecer, carentes de viver.

*Texto elaborado na disciplina de Psicologia Comunitária e Projetos Sociais ministrada pelo prof. Luciano Bedin

Criança e consumismo: Quem ganha com isso?




As crianças cada vez mais deixam de ser crianças para serem "consumidoras". O impacto dessa realidade na vida das crianças parece que ainda não está sendo levado a sério como deveria. Com o objetivo de aprofundar esse debate postamos no blog o documentário "Criança a alma do negócio", Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas.

O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumes.

Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.


Também na mesma linha do documentário publicamos o ótimo artigo da aluna do curso de psicologia Charlize que faz uma reflexão sobre este tema a partir de dados da realidade do municipio de Três de Maio.


BRINCADEIRA DE CRIANÇA... COMO É BOM... COMO É BOM...

Por Charlize Naiana Griebler

Ao se aproximar o mês da criança junto se aproxima uma exaustiva batalha publicitária voltada ao público infantil. Basta ligar a televisão por alguns minutos, que lá vem... A bota da Moranguinho, o tênis das Princesas, O boneco do Batman, o relógio do Ben 10, A Poly que tem controle e todo esse bombardeio de apelo ao consumo.

Recente pesquisa realizada com crianças entre 6 e 10 anos em uma escola da rede pública de Três de Maio apontam os desejos consumistas já expressos nesta faixa etária. Ao serem questionadas sobre os fatores que influenciam a decisão na hora de comprar calçados, por exemplo, 37% das crianças afirmam que a marca é fator decisivo e, além disso, 27% dizem que suas roupas são compradas baseadas na moda.

Esses dados apontam a vulnerabilidade das crianças ao apelo do marketing, pois estão em processo de desenvolvimento e por isso, não possuem a totalidade das habilidades necessárias para uma interpretação apropriada dos apelos que lhe são dirigidos.

A pesquisa em Três de Maio mostra que mais de 50% das crianças assistem em média 4 horas de televisão por dia, sendo que 27% das crianças assistem sozinhas, sem a companhia de um adulto para direcionar e trabalhar a interpretação das informações expressas.

A pesquisa também questionou sobre os ídolos destas crianças, destacando-se a seguinte frase: “Eu amo a Barbie. Porque o cabelo, o corpo, o calçado e a roupa são bonitos”. Essa fala aponta para uma precocidade relacionada a padrões estéticos e a erotização infantil que ao mesmo tempo reproduz valores humanos impostos e que são incorporados por estas crianças.

Muitas vezes a própria família, sem perceber, estimula o consumismo com o intuito de estar oferecendo o “melhor” aos filhos, com produtos mais caros, ou mais badalados. Porém deve-se ressaltar que a qualidade de uma brincadeira passa longe do preço ou da tecnologia aplicada ao brinquedo. O brincar para a criança tem um sentido muito maior quando é direcionado, as crianças sentem-se desafiadas e acompanhadas, quando a brincadeira faz sentido e é vivenciada em sua totalidade. É mais significativo para a criança a qualidade do tempo que os pais dedicam que o preço do brinquedo que eles lhe presenteiam.

Vivenciar a infância de forma lúdica, cercada de outras crianças, com brincadeiras que permitam desenvolver a capacidade de negociar, de defender suas idéias, de lidarem com suas frustrações é muito mais expressivo que ficar sozinha, frente ao televisor, ao Playstation ou na internet.
As fases do desenvolvimento infantil precisam ser mantidas para que haja um crescimento saudável, tanto psíquico como físico, respeitando cada uma das etapas, sem transformar essa criança num adulto precoce. Também é importante considerar que a relação com o outro nos constitui enquanto sujeitos, e essas relações devem ser valorizadas, pois são fatores determinantes na composição psíquica.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Reflexão Crítica sobre o filme 5 X Favela



Ana Paula, aluna de psicologia da SETREM escreveu sobre o filme 5X Favela








Reflexão crítica sobre o filme 5X Favela, Agora por Nós Mesmos*

Ana Paula Lemos- Aluna do curso de PSicologia da SETREM



Um filme para se pensar, novamente, nas comunidades das favelas em nosso país, mas me sinto sem preparação para tal questionamento, pois não conheço essa realidade de perto, isso torna meu discurso superficial, então, nesse meu saber pouco sólido irei discutir aquilo que me movimenta internamente.

Carecer é sentir-se incompleto, não existe um ser sem carência, o tempo é determinante nesse processo, pois não para no momento em que suprimos algo, sempre haverá mais, a carência é um oito, infinito.

Uns carecem de comida, pois arroz e feijão todos os dias enjoa, outros carecem de uma vida moralmente correta enquanto outros necessitam fugir das regras. A carência é o desejo não realizado, o homem isento de desejos perde a natureza humana, perde a razão de viver. O que pode vir a se tornar preocupante é o excesso de carência, onde os desejos não são supridos, a ganância, o status, o perfeccionismo, o ciúme são exemplos de insatisfação constante. Nessa morada estão os abusos, aquilo que transborda em nossa sociedade, que se torna cada vez mais desigual. Se falta comida para um pai alimentar sua família, falta caviar na mesa de um milionário para impressionar seus convidados, se não faltar animais, faltaram casacos de pele, e assim sucessivamente faltas intermináveis e suas dualidades.

As cinco histórias trazidas por esta película são histórias sofridas e resolvidas da maneira que seu meio permite, longe de nossa realidade, impossíveis de nos sensibilizar da forma exata, mas instigam uma movimentação interna e uma revolta imensa por ainda existir órfãos de humanidade, em um mundo tão desenvolvido tecnologicamente, ainda nos falta a evolução da sensibilidade humana,algo que já se tornou um clichê de Miss Universo que deseja a “paz mundial”, mais uma desgraça transformada em graça para quem quiser aderir ao humor negro.

Confesso sentir uma grande frustração em relação à banalização da violência em nossa mídia, pois se tornou mais uma forma das grandes empresas televisivas lucrar com a graça na desgraça alheia, notamos ai uma carência das pessoas que estão em casa em frente aos seus aparelhos de televisão em ver que suas vidas não são tão ruins assim, e que existem pessoas em situação pior, dando-lhes um alivio de sua condição.

É importante a realidade brasileira ser representada com um meio de comunicação tão ressonante, mas até quando seremos vistos pelo mundo a fora como favelados, miseráveis do sertão, nádegas bronzeadas em cartões postais,e tantas outras formas distorcidas. Brasileiros também são comédia romântica, brasileiros também são patriotas e lutam pela sua pátria, onde estão nossos William Wallace (Coração Valente)?. Cadê os nossos contos infantis, o negrinho do pastoreio, o caipora, esqueceram? O Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago teve que ser produzido por americanos. Com tantas riquezas literárias, poderiamos retratar nosso país de forma mais condizente com o sentimento do brasileiro. Estamos satisfeitos de tanta exploração do sofrimento alheio, comecemos a explorar o que há de bom, pois o que se vê é o que se faz, violência gera violência, bordão dos mais baratos, mas dos mais valiosos.

*Trabalho final para componente PSICOLOGIA COMUNITÁRIA E PROJETOS SOCIAIS, ministrado pelo prof. Luciano Bedin da Costa

CENSURA: Jornal proibe psicanalista de escrever sobre política



Maria Rita Kehl uma das mais conhecidas psicanalistas do país é proibida de escrever sobre política no jornal O Estado de São Paulo


Durante 20 anos o Brasil viveu uma Ditadura Militar que torturou e matou muitos brasileiros. Instaurou-se a censura nos meios de comunicação. Agora depois de mais de 20 anos da redemocratização a censura é retomada, não mais pelo governo, mas pelos donos dos meios de comunicação.
Maria Rita Kehl é uma das mais conhecidas psicanalistas do Brasil. Autora de diversos livros e colunista de revistas e jornais entre eles O Estado de São Paulo. A psicanalista escreveu um artigo na véspera do primeiro turno das eleições para este jornal, cujo tema foi uma reflexão crítica sobre o pensamento preconceituoso de grande parte da “classe média” em relação as classes mais empobrecidas.O artigo, intitulado “Dois pesos”, era até cauteloso e, inclusive, fazia elogios ao próprio jornal.

Entretanto, esse foi o motivo da demissão da psicanalista. Com a ampla repercussão negativa da demissão, o jornal recuou mas informou que a psicanalista só poderá escrever sobre psicanálise e não sobre política. Ou seja, o jornal que prega a liberdade de imprensa na prática censura quem não pensa como os donos do jornal.

Se confirmada a perseguição à altiva psicanalista, é urgente o repúdio do Sindicato dos Jornalistas e das entidades democráticas.

Para quem não leu o artigo, vale ser lido e relido:

Dois Pesos
Maria Rita Kehl- O Estado de São Paulo-02/10/2010


Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Saúde Mental e Cooperativismo Social: Dá pra Fazer







COOPERATIVAS SOCIAIS DE USUÁRIOS DA SAÚDE MENTAL: DÁ PRA FAZER
Paulo Marques

No contexto da reforma do sistema de saúde mental da Itália, realizada no final dos anos 70, a partir da Lei Basaglia* que aboliu os hospitais psiquiátricos, iniciou-se um rico e inovador processo de incentivo à criação de cooperativas para inclusão produtiva dos usuários de serviços de saúde mental. Estes empreendimentos foram definidos por lei como "Cooperativas Sociais". A partir dos anos 80 mais de 3 mil destas cooperativas foram criadas na Itália.

No Brasil esta discussão é recente, pautada pelo movimento antimanicomial está avançando a partir da articulação com o movimento da Economia Solidária. Uma das demandas é, assim como na Itália, aprovar uma nova legislação sobre as Cooperativas Sociais, garantindo apoio e financiamento público para os empreendimentos ( No Brasil existem em torno de 300 iniciativas de grupos de Economia Solidária formados por usuários da saúde mental). Neste ano essa questão foi um dos principais temas tanto da Conferência Temática de Economia Solidária como da Conferência Nacional de Saúde Mental.

Para quem quer conhecer um pouco mais sobre este tema não pode deixar de assistir o belo filme italiano "Si Puo Fare" ( em português "Dá pra fazer), produzido em 2008 sobre a experiência italiana das Cooperativas Sociais. O filme já traz no próprio título o que procura mostrar, ou seja, o que muitos acreditavam como algo impossível como a criação de uma cooperativa de usuários da saúde mental, não só comprovou a viabilidade como apontou as alternativas para outros países que buscam realizar reformas nos seus sistemas de saúde mental como o Brasil.

O filme conta a história de uma das primeiras experiências de cooperativas sociais criadas nos anos 80 na Itália. O protagonista é Nello, um sindicalista que é convidado a coordenar uma cooperativa formada pelos ex-pacientes dos manicômios fechados pela Lei Basaglia. Acreditando no trabalho, Nello se envolve profundamente com a tarefa de auxiliar na organização do empreendimento em uma perspectiva de inclusão produtiva e não assistencial.

Uma característica que chama atenção é a forma que Nello trata os novos cooperados desde o início, ele não os trata em nenhum momento como ex-pacientes mas como sócios, trabalhadores como quaisquer outros, o que demonstra uma visão baseada na igualdade e na solidariedade em relação às pessoas e suas possibilidades.
Tratado com humor e delicadeza, é um filme divertido e comovente, baseado em fatos reais que demonstra que sim "Dá pra fazer".


Ficha Técnica:

Título Original: Si può fare

País de Origem: Itália

Gênero: Drama/ Comédia

Tempo de Duração: 110 minutos

Ano de Lançamento: 2008

Direção: Giulio Manfredonia

* Franco Basaglia (1924-1980) foi o psiquiatra que promoveu a reforma no sistema de saúde mental italiano. Como diretor do Serviço Hospitalar de Triestre, Basaglia implantou reformas que foram consideradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como referência mundial para reformulação da assistência à saúde mental. A partir desta experiência foi aprovada em 1978 a chamada "Lei Basaglia" que estabeleceu a reforma do sistema que teve como uma das principais medidas a abolição dos hospitais psiquiátricos na Itália.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Curso de Psicologia lança Projeto "Psicologia conversando com a comunidade"

Débora Bordignon, asssitente social, participou da atividade representando a Coordenadoria da Mulher da prefeitura de Três de Maio


Iara Schimitt, estagiária do Curso de Psicologia da SETREM na Coordenadoria da Mulher participou do debate.



Elisiane Pasini, Coordenadora Adjunta da Themis Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero foi painelista no Lançamento do Projeto "Psicologia conversando com a comunidade"


Elisiane da Themis, Professora Rita, Assistênte Social Débora da Coordenadoria da Mulher e a aluna Iara que faz estágio na coordenadoria da mulher.


Na terça-feira, dia 21, aconteceu o lançamento do projeto ‘Psicologia conversando com a Comunidade’ realizado pelo curso de Psicologia da SETREM. Esta edição teve como tema : "Promoção do empoderamento de mulheres populares", o painel foi ministrado pela Doutora em Ciências Sociais Elisiane Pasini, Coordenadora Adjunta da Themis Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero.Participaram da mesa de debates Iara Schimitt, estagiária do Curso de Psicologia da SETREM na Coordenadoria da Mulher, Débora Bordignon, asssitente social da Coordenadoria da Mulher e a professora e coordenadora de estágios da SETREM Rita de Cássia Maciazeki Gomes que coordenou os trabalhos.
A atividade realizada no auditório do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), em Três de Maio, teve um bom público composto por alunos e pessoas da comunidade que debateram questões de gênero, legislação, direitos humanos, discriminalização do aborto entre outros. Esta edição do projeto contou com a parceria da Coordenadoria da Mulher da prefeitura de Três de Maio.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores(as) sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil (PSINEP)






As estatísticas oficiais demonstram inequivocamente que o racismo é um forte determinante social nas condições de saúde, resultando “altas e desproporcionais taxas de morbidade e mortalidade” da população negra. Sabemos ainda que a ideologia racista se manifesta através das relações interpessoais presentes no cotidiano dos indivíduos, nas esferas mais variadas (família, trabalho, escola, religião, entre outros), e a força das representações sociais cristalizadas no imaginário coletivo garantem a perpetuação de preconceitos e práticas discriminatórias, com conseqüências devastadoras na formação da identidade e subjetividade deste grupo populacional, refletindo em sofrimento e adoecimento psíquico.

Como o acesso à formação universitária e mesmo um maior poder aquisitivo não garantem igualdade de direitos e tratamento, os psicólogos/as negros/as também têm de lidar com discriminações que limitam seu desempenho e reconhecimento.

Assim, o enfrentamento das iniqüidades raciais requer uma leitura psicossocial dos determinantes das desigualdades e seus efeitos sobre o psiquismo. Certamente, o preparo dos(as) psicólogos(as), com reconhecimento das relações inter-raciais como um dos determinantes da saúde mental, poderá resultar em ações técnicas e políticas que contribuam para significativos avanços na promoção da igualdade racial e intervenções psicológicas com respeito à diversidade, comprometidas com a saúde da população negra e a melhoria das relações interraciais, no trabalho, na escola, nas diversas esferas sociais, ou seja, comprometidas com a transformação social e o bem-estar pleno.

A realização do I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores(as) sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil (PSINEP) pretende ser um marco com a consolidação de uma rede de profissionais qualificados(as) para a promoção da igualdade étnico-racial.


OBJETIVOS

Promover a organização de um segmento da categoria de psicólogos(as) que, por suas especificidades étnico-raciais, enfrenta barreiras sociais para seu pleno desenvolvimento, fomentando o aprofundamento das discussões será realizado o

Apresentação de um panorama dos estudos e trabalhos desenvolvidos sobre a questão racial e psicologia, por meio de comunicações orais e pôsteres.

Traçar um plano de ação visando a ampliação das linhas de pesquisa e trabalhos relacionados a essa temática, sinalizando as contribuições que psicólogos(as) e outros(as) pesquisadores(as) podem oferecer na conquista da saúde da população negra e de condições iguais na sociedade, com respeito às diferenças.

Consolidação de uma rede de profissionais qualificados para a promoção da igualdade étnico-racial no âmbito dos serviços públicos e privados.

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Conteúdo

Eixo 1: Relações históricas da psicologia com o racismo: a produção de conhecimento, a prática e a formação

Eixo 2: Racismo e sofrimento psíquico: desafios para a psicologia e os(as) psicólogos(as)

Eixo 3: A configuração do mundo profissional e social para o(a) psicólogo(a) negro(a) no Brasil

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Formato

Encontro nacional, precedido por encontros preparatórios regionais, prevendo aproximadamente 350 (trezentos e cinqüenta) participantes. Contará com:

* Conferência
* Mesas-redondas
* Rodas de Conversa
* Comunicações Orais e Pôsteres (Acadêmicos e Profissionais)
* Oficinas
* Plenária

Público-alvo

* Psicólogos(as) negros(as) das diversas áreas (Saúde, Organizacional e Trabalho, Educação, Hospitalar, Direitos Humanos, entre outras)
* Pesquisadores(as) da temática étnico-racial e subjetividade
* Estudantes de psicologia
* Interessados pela temática étnico-racial na psicologia



Participe!

I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores(as) sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil (PSINEP)

13 a 15 de outubro de 2010

Instituto de Psicologia – Universidade de São Paulo (USP)
Av. Prof. Mello Moraes, 1721 – CEP 05508-030 – São Paulo – SP

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Psicologia da Setrem participa de Congresso em São Paulo



























De 03 a 07 de setembro, professores e acadêmicos do Curso de Psicologia da SETREM participaram em São Paulo, do III Congresso Brasileiro de Psicologia, promovido pelo Conselho Federal de Psicologia. Tendo como temática central ‘Ciência & Profissão’, reuniu mais de 11 mil profissionais do País.

As professoras Lilian Winter, Solange Schorn, Jeane Borges e Rita de Cássia Maciazeki Gomes participaram como palestrantes da temática ‘Formação em Psicologia: Narrativas de uma Trajetória’, apresentando a proposta do curso de Psicologia na SETREM.

Lilian, Jeane e Rita de Cássia também apresentaram trabalhos em parceria com outras Instituições de Ensino Superior. Lilian explanou sobre a experiência de implementação do Programa de Qualidade 8´S em uma empresa: ‘ Desenvolvendo Pessoas Através de Programas de Qualidade’ em parceria com o mestrado UNIJUI. Jeane abordou o ‘Transtorno de Estresse Pós-Traumático na Infância’ em parceria com o Instituto de Psicologia da UFRGS. Rita de Cássia apresentou juntamente com Silvia Giugliani, do CRP/CREPOP, ‘Psicologia e Políticas Públicas: Desafios na Formação Acadêmica’.

Foram ainda apresentados pôsters desenvolvidos por acadêmicos do curso, sob orientação das professoras Jeane, Rita de Cássia e Luciano Bedin da Costa. Apresentaram trabalhos: Débora Immich, Cleusa Arnemann, Beatriz Pletsch, Charlize Griebler, Edimara Fassini, Maiara Perini, Ana Karina Machado, Karen Tavares, Elisa Hermann, Luciele Huber, Gianni Lauz, Marciane de Moaraes e Chystiane Warken.Participaram como ouvintes: Ana Paula Lemos, Eloisa Zobel, Deiwytt Rustick, Francieli Attuati e Katiani Pertile e Aline Griebler.