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terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Psicologia que eu vivo





A Psicologia Que Eu Vivo
Por Mákellen Gonçalves Dias


Muito ouço falar de como a psicologia pode ser, fazer, modificar, auxiliar, contribuir, ouço também sobre como a psicologia é compreensiva ao entender cada ser humano como único, e de como se deve fazer o melhor para o desenvolvimento possível deste.

Entretanto não é esta psicologia que vejo nos lugares por onde tenho contato com pessoas ligadas à psicologia. É estranho quando temos um discurso extremamente coerente de acordo com o citado acima, diga-se admirável, mas neste mesmo espaço temos outras falas e ainda mais estranho, uma prática, que não é profetizada e não varia no tempo o suficiente para não entrar em contato com
o eco da fala anterior.

É corrente na psicologia o discurso sobre fugir do passado que carregamos, aonde se contribuiu para a discriminação, massificação e tantos outros fatos sociais, sendo necessário criar espaços para o diálogo, espaço aonde se escuta, não uma escuta diagnóstica, mas sim uma escuta entre iguais, indiferentemente da organização social a qual estão atrelados. Interessante notar que ao mesmo tempo em que decorremos sobre isto em trabalhos acadêmicos dos mais variados, artigos, short-papers, resenhas, etc., elucubrando trechos de pensamentos variados, grande parte destes nos quais nem acreditamos, entre soluções de ligação de nossa língua, aonde se suprime todo o espaço de fala do próprio autor, a não mais do que dois ou três parágrafos dispersos e quando não apenas uma tentativa tímida de colocar-se sem se amedrontar com a possibilidade de estar em contato com o senso comum; nós não fazemos mais do que cumprir protocolos e enganarmos.

Não há nisto mais do que uma imensa incoerência, para não dizer hipocrisia, pois seria ainda mais estranho achar que esta psicologia tão reflexiva não tenha conhecimento disto. Enquanto se preocupa em dar conta de um papel social, a psicologia não faz nada além de empurrar para debaixo do tapete as falhas que comete frequentemente em seu discurso/prática.

Esta psicologia não passa de uma sombra deturpada de um discurso coerente de uma prática coerente que, incoerentemente não existe.Procrastinando seu embate com este problema, não posso conceber nesta psicologia muito mais do que a semelhança com o mito da caverna de Platão. Voltados para a parede estamos, embriagados com nossa própria fala, como que hipnotizados por um sonho que tremula diante de nossos olhos, enquanto no vácuo entre a fala e a realidade nos comprometemos em ser aquilo de que queremos fugir,ou nos descomprometemos com aquilo que se sonha de uma psicologia.

Uma destruidora de sonhos como escutei falar recentemente, esta é a psicologia que vivo, aonde perguntam se para realizar seus sonhos é necessário ser psicólogo(a), o que fez saltar dentro de mim a pergunta: e para realizar meus sonhos eu não posso ser psicólogo(a)? Grande paradoxo este, pois os sonhos não fazem menos parte da psicologia, do que a psicologia faz dos sonhos, sabendo que muitas vezes a psicologia se constitui como um sonho, que rotineiramente comete o erro de
se tornar um pesadelo para os seus.

O que fica de tudo isto, é apenas o desejo de que a psicologia de que ouço falar, não seja apenas a sombra de um sonho, mas sim o sonho em que não se entristece com o pôr-do-sol que deixa para trás nossa sombra e diante de nossosolhos o desejo de vê-lo uma vez mais.

4 comentários:

  1. Esse é meu amigo, mais que isso meu irmãoo.. Sempre me impressionando!! Adoreiiii!!!!

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  2. É triste ter que admitir, mas é a pura verdade!!!

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  3. Analisando o contexto, fica o pensamento: "Eis a questão, ser ou não ser". "Vivo Sonhando ou Sonho em Viver". "Ser um psicólogo por paixão em busca de sonhos a realizar".
    Ótimo texto, nos remeter a pensar em escolhas, as que fazemos por paixão ou por necessidades.

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