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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Reflexão Crítica sobre o filme 5 X Favela



Ana Paula, aluna de psicologia da SETREM escreveu sobre o filme 5X Favela








Reflexão crítica sobre o filme 5X Favela, Agora por Nós Mesmos*

Ana Paula Lemos- Aluna do curso de PSicologia da SETREM



Um filme para se pensar, novamente, nas comunidades das favelas em nosso país, mas me sinto sem preparação para tal questionamento, pois não conheço essa realidade de perto, isso torna meu discurso superficial, então, nesse meu saber pouco sólido irei discutir aquilo que me movimenta internamente.

Carecer é sentir-se incompleto, não existe um ser sem carência, o tempo é determinante nesse processo, pois não para no momento em que suprimos algo, sempre haverá mais, a carência é um oito, infinito.

Uns carecem de comida, pois arroz e feijão todos os dias enjoa, outros carecem de uma vida moralmente correta enquanto outros necessitam fugir das regras. A carência é o desejo não realizado, o homem isento de desejos perde a natureza humana, perde a razão de viver. O que pode vir a se tornar preocupante é o excesso de carência, onde os desejos não são supridos, a ganância, o status, o perfeccionismo, o ciúme são exemplos de insatisfação constante. Nessa morada estão os abusos, aquilo que transborda em nossa sociedade, que se torna cada vez mais desigual. Se falta comida para um pai alimentar sua família, falta caviar na mesa de um milionário para impressionar seus convidados, se não faltar animais, faltaram casacos de pele, e assim sucessivamente faltas intermináveis e suas dualidades.

As cinco histórias trazidas por esta película são histórias sofridas e resolvidas da maneira que seu meio permite, longe de nossa realidade, impossíveis de nos sensibilizar da forma exata, mas instigam uma movimentação interna e uma revolta imensa por ainda existir órfãos de humanidade, em um mundo tão desenvolvido tecnologicamente, ainda nos falta a evolução da sensibilidade humana,algo que já se tornou um clichê de Miss Universo que deseja a “paz mundial”, mais uma desgraça transformada em graça para quem quiser aderir ao humor negro.

Confesso sentir uma grande frustração em relação à banalização da violência em nossa mídia, pois se tornou mais uma forma das grandes empresas televisivas lucrar com a graça na desgraça alheia, notamos ai uma carência das pessoas que estão em casa em frente aos seus aparelhos de televisão em ver que suas vidas não são tão ruins assim, e que existem pessoas em situação pior, dando-lhes um alivio de sua condição.

É importante a realidade brasileira ser representada com um meio de comunicação tão ressonante, mas até quando seremos vistos pelo mundo a fora como favelados, miseráveis do sertão, nádegas bronzeadas em cartões postais,e tantas outras formas distorcidas. Brasileiros também são comédia romântica, brasileiros também são patriotas e lutam pela sua pátria, onde estão nossos William Wallace (Coração Valente)?. Cadê os nossos contos infantis, o negrinho do pastoreio, o caipora, esqueceram? O Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago teve que ser produzido por americanos. Com tantas riquezas literárias, poderiamos retratar nosso país de forma mais condizente com o sentimento do brasileiro. Estamos satisfeitos de tanta exploração do sofrimento alheio, comecemos a explorar o que há de bom, pois o que se vê é o que se faz, violência gera violência, bordão dos mais baratos, mas dos mais valiosos.

*Trabalho final para componente PSICOLOGIA COMUNITÁRIA E PROJETOS SOCIAIS, ministrado pelo prof. Luciano Bedin da Costa

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